Família vela corpo de jovem morta após suposto erro médico em cesárea
Segundo parentes, médicos esqueceram compressas dentro da mulher.
Enterro será na manhã desta quinta-feira (14), em Aparecida de Goiânia.
Revolta e comoção marcaram o velório de Michelly da Silva Pereira, de 18 anos, em Aparecida de Goiânia. A jovem morreu 10 dias após dá à luz em um hospital do Distrito Federal em consequência de um suposto erro médico. Segundo o marido, Matheus Pereira Araújo, 18 anos, ela foi vítima de infecção por causa de duas compressas deixadas dentro da barriga da mulher durante a cesareana. "É muito descaso", lamenta o viúvo. O enterro está marcado para esta quinta-feira (14), às 9h, no Cemitério Jardim da Esperança, no Setor Buenos Aires.
Em entrevista, Matheus reclamou não apenas do erro médico, mas principalmente do descaso no atendimento dos hospitais públicos. Segundo ele, a jovem só foi internada quando procurou um hospital pela quarta vez: "Eles não ligavam para ela. Minha mulher estava amamentando, de resguardo e esperava horas por atendimento. Eles demoraram dias para pedir o primeiro exame".
Amigos da jovem fizeram cartazes pedindo Justiça. "Ela reclamava de dor e os médicos falavam que era normal. Teve um que disse até que estava com dengo", desabafou Carlos Alves, colega de Matheus.
Durante o velório, familiares se revezavam para cuidar da filha de Michelly. Segundo o pai, a criança passa bem. Os dois jovens estavam casados há pouco mais de um ano.
Amigos da jovem fizeram cartazes pedindo Justiça. "Ela reclamava de dor e os médicos falavam que era normal. Teve um que disse até que estava com dengo", desabafou Carlos Alves, colega de Matheus.
Durante o velório, familiares se revezavam para cuidar da filha de Michelly. Segundo o pai, a criança passa bem. Os dois jovens estavam casados há pouco mais de um ano.
Fotos de Michelly estavam espalhadas na igreja evangélica onde o corpo foi velado, no Jardim Tropical, bairro onde mora a família da mulher. "Não tem explicação. É muito duro. Eu só quero justiça", disse o pai, Valdeci Pereira dos Santos, de 50 anos.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou, nesta quarta-feira (13), que abriu sindicância para apurar as circunstâncias da morte da paciente. Michelly morreu na última segunda-feira (11), no Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
De acordo com nota divulgada pela Secretaria, a paciente foi atendida no serviço de obstetrícia do Hospital Regional da Asa Norte (HRan), no dia 1º de março, para a realização de uma cesariana. Após dá à luz, ela teve alta no dia 4.
Segundo a nota, três dias depois, a paciente deu entrada no setor de ginecologia e obstetrícia do HRC apresentando um quadro de dor lombar intensa. Mesmo medicada, houve piora gradual do quadro clínico da paciente, e, após vários exames, os médicos optaram por uma intervenção cirúrgica.
Araújo contou ao G1 que a mulher começou a passar mal dois dias depois voltar para casa. O marido disse que eles foram até o HRC, onde ela foi medicada com um medicamento composto de analgésico e antiespasmódico. Ele conta que procurou o hospital pela segunda vez, e, em seguida, levou à mulher a ao Hospital Regional de Taguatinga, e nos dois casos os médicos receitaram o mesmo remédio.
Sem apresentar melhoras, no dia 7 eles voltaram ao HRC. "Um outro médico do setor de ginecologia disse que ela precisava ficar internada. Mas ela foi para o Pronto Socorro, onde ficou em uma maca. Ficou assim até o dia 11, quando me disseram que ela ia ser operada".
Compressas
Um funcionário do Hospital Regional de Ceilândia, que preferiu não ser identificado por medo de sofrer represálias, relatou que, após uma tomografia, o hospital constatou algo estranho e encaminhou a paciente para a cirurgia. Quando a barriga foi aberta, a infecção foi constatada. "Havia duas compressas. Eram dois pedaços de pano com cerca de 15 centímetros cada", disse o funcionário.
Um funcionário do Hospital Regional de Ceilândia, que preferiu não ser identificado por medo de sofrer represálias, relatou que, após uma tomografia, o hospital constatou algo estranho e encaminhou a paciente para a cirurgia. Quando a barriga foi aberta, a infecção foi constatada. "Havia duas compressas. Eram dois pedaços de pano com cerca de 15 centímetros cada", disse o funcionário.
Segundo a Secretaria, a paciente teve uma parada cardiorrespiratória durante a cirurgia e que as tentativas para reanimá-la não tiveram sucesso. De acordo com a instituição, se for comprovado algum procedimento inadequado, "os responsáveis serão devidamente punidos".
A advogada Ana Silva Oliveira, tia de Matheus, registrou ocorrência na 15ª delegacia, em Ceilândia, Ela informou que deverá entrar nesta quinta-feira (14) com uma ação de investigação no Ministério Público. A advogada disse que também vai tentar um pedido de pensão alimentícia para o bebê. "A diretora do HRC me disse que o caso será apurado, mas o acesso aos exames e prontuário só [seriam liberados] mediante uma ação judicial", disse.
O delegado Mauro Leite disse já foram encaminhados ofícios para que quatro médicos do Hospital de Ceilândia prestem esclarecimento sobre o que ocorreu durante a cirurgia de Michelly na segunda-feira. Ele informou que também estão sendo recolhidas informações e documentos sobre a internação e os procedimentos tomados pelo hospital.
Cópias já foram encaminhadas para a Promotoria de Saúde e a Secretaria de Saúde do DF. O delegado disse que a família entregou na delegacia um documento, sem timbre do hospital, que seria uma descrição do atendimento realizado durante a permanência da paciente no HRC. Segundo o delegado, no papel existe um relato sobre a existência de compressas dentro da jovem, durante a cirurgia.
Fonte:G1
Category: Brasil
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