Papa diz que se retira para orar de modo adequado a sua idade e forças
Bento XVI cumprimentou os peregrinos em sete idiomas - entre eles o português - e se retirou aos seu aposentos
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| O pontífice, que daqui a dois meses completará 86 anos, falou de sua retirada "à montanha" |
O papa Bento XVI afirmou neste domingo para 200 mil pessoas que lotaram a praça de São Pedro do Vaticano que Deus o chamou para se dedicar ainda mais à oração e à meditação, o que fará "de um modo mais adequado" a sua "idade e forças".
Antes de efetivar sua renúncia ao pontificado na próxima quinta-feira, Bento XVI rezou seu último Ângelus para milhares de fiéis, peregrinos e turistas que quiseram se despedir do pontífice e que, além de encher a praça, também ocuparam a via da Conciliação e outras ruas adjacentes.
Emocionado, o papa foi interrompido várias vezes por aplausos da multidão durante sua mensagem aos fiéis. O pontífice, que daqui a dois meses completará 86 anos, falou de sua retirada "à montanha" (Tabor), mas esclareceu que sua saída de cena "não significa abandonar a Igreja". "Se Deus me pede isso, é porque eu poderei continuar servindo com as mesmas condições e o mesmo amor com o qual o fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças", afirmou.
A chuva que caiu nos últimos dias em Roma deu uma trégua para o sol, um detalhe sobre o qual o papa brincou. Bento XVI escolheu para este segundo domingo de Quaresma a passagem do Evangelho de Lucas sobre a Transfiguração do Senhor, no qual relata como Jesus se transfigurou enquanto rezava em uma espécie de retirada espiritual no monte Tabor junto com os apóstolos Pedro, Tiago e João.
Ao meditar sobre esta passagem do Evangelho, "podemos extrair um ensino muito importante", disse. "Em primeiro lugar, a primazia da oração, sem a qual todo o compromisso do apostolado e da caridade se reduz a ativismo", argumentou. Na Quaresma, "aprendemos a dar seu devido tempo à oração, tanto pessoal como comunitária, que encoraja nossa vida espiritual", afirmou o Bispo de Roma. "A oração não representa se isolar do mundo e de suas contradições, como Pedro queria fazer no monte Tabor, pois a oração conduz ao caminho, à ação", explicou.
"A vida cristã - que escrevi na Mensagem para a Quaresma - consiste em um contínuo subir à montanha para se encontrar com Deus, para depois descer levando o amor e a força a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus", acrescentou.
"A vida cristã - que escrevi na Mensagem para a Quaresma - consiste em um contínuo subir à montanha para se encontrar com Deus, para depois descer levando o amor e a força a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus", acrescentou.
Depois da mensagem, o papa cumprimentou os peregrinos em sete idiomas - entre eles o português - e se retirou a seu aposentos. Os peregrinos que estavam em locais mais distantes do Palácio Apostólico puderam ver o papa graças a quatro telões instalados de forma estratégica na praça de São Pedro.
Na próxima quarta-feira, o papa realizará sua última audiência geral, desta vez, e apesar das incertezas climáticas, na praça de São Pedro, e não na Sala Paulo XVI, para dar espaço ao maior número possível de fiéis, como os 200 mil de hoje.
No próximo dia 28, a saída de Bento XVI do Vaticano em um helicóptero, às 17h locais (13h de Brasília) representará um marco na história da igreja por sua peculiaridade, e será transmitida ao vivo por televisões de todo o mundo.
Espera-se que nestes dias o papa promulgue o "motu proprio" sobre alguns pontos particulares da Constituição Apostólica a respeito do conclave ("Universi Dominici Gregis") que vai definir seu sucessor, para que o Colégio Cardinalício possa realizá-lo.
Fonte: Folha PE
Category: Mundo, Papa Bento XVI
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